Temas recorrentes

  • Obra humanista;
  • Texto épico-lírico (texto onde se exalta o povo português e que conta várias histórias - o herói - e onde são expressos sentimentos e emoções - episódio de Inês de Castro);
  • Conjunto de episódios bélicos;
  • Visão gloriosa e enaltecimento do povo português (plano da História de Portugal e plano da viagem);
  • Imagem do herói em toda a obra;
  • O herói como ser de bons princípios e bons valores;
  • Enaltecimento dos heróis e crítica de parte da sociedade;
  • Contribuição daqueles que escrevem, já que são estes irão deixar "cantados" os feitos gloriosos de tais heróis;
  • Império português é legítimo porque os heróis foram capazes de espalhar a fé cristã;
  • Papel da mitologia presente no episódio da Ilha dos Amores (convívio com Deuses e conhecimento da Máquina do Mundo por Vasco da Gama);
  • A recompensa do povo português é o conhecimento;
  • Crítica ao poder do dinheiro e do ouro;
  • Crítica aos que não valorizam a arte e a cultura.

A obra Os Lusíadas

A obra de Camões é considerada uma epopeia bastante complexa, já que o poeta foi capaz de conjugar o espírito aventureiro com uma escrita também ela complexa.

Por um lado, o leitor fica espantado com o espírito aventureiro dos portugueses, capazes de sobreviver a uma viagem com tantos percalços. Para além disso, o plano da História de Portugal (batalhas de Ourique e Aljubarrota ou o amor trágico de Pedro e Inês) e o plano da mitologia ajudam para criar uma obra tão bem imaginada.

Contudo, a linguagem tão complexa (regularidades estrófica, métrica e rimática ou a utilização de figuras de estilo) leva o leitor a ter uma sensação agridoce durante a leitura.

Apesar de tudo, Os Lusíadas continuam, ainda hoje, a ser a obra que mais glorifica o povo português.

A dupla dimensão de Os Lusíadas

A obra de Camões pode ser vista como se uma dupla dimensão se tratasse: uma visão de satisfação/vitória e outra de deceção/descrença.

Por um lado, a satisfação e a vitória são mostradas pelos planos da História de Portugal e pelo plano da viagem, onde se nota o mérito dos portugueses que foram os responsáveis por dar “novos mundos ao Mundo”.

No entanto, são as reflexões do poeta que mostram a deceção e a descrença. É no final de cada canto que Camões exprime a sua opinião e a de outros setores da sociedade (velho do Restelo). Camões critica os riscos que os portugueses correram (possivelmente não valeram a pena), a descrença na cultura e nas artes e a sobrevalorização do dinheiro por parte da sociedade.

Assim, apesar de evocar o povo português pela sua coragem e determinação, Camões denuncia a ambição desmedida por parte do Homem do seu tempo.

O papel da mitologia

A mitologia aparece em Os Lusíadas com "uma função ornamental, mas um "significado profundo".

Os deuses, enquanto entidade coletiva ou individual, pontuam todo o enredo da obra, seja devido ao sucesso da viagem dos portugueses à Índia, seja na intervenção divina na batalha de Ourique.

A mitologia atribui, assim, um significado à obra: os portugueses foram o povo escolhido pelos deuses para tudo vencerem e tudo conquistarem. Esta "escolha" mostra, então, a aproximação entre deuses e o Homem, Homem esse que é dotado de conhecimento.

Assim, o plano mitológico tem uma função de extrema importância nesta obra.

 

TÓPICOS DE RESPOSTA

  • A mitologia não é na obra um mero ornamento;
  • A unidade da ação do poema deve-se à intriga dos deuses;
  • Os deuses aparecem como criaturas com todas as características humanas, têm paixões, ódios, amigos, inimigos...;
  • A fábula mitológica tem vida e interesse, independentemente da narrativa histórica;
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