Fernando Pessoa Ortónimo - 12 de outubro de 2012

"Não há felicidade senão com conhecimento. Mas o conhecimento da infelicidade é infeliz; porque conhecer-se feliz é conhecer-se passando pela felicidade, e tendo, logo já, que deixá-la atrás."

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego de Bernardo Soares

Considere a afirmação de Fernando Pessoa e comente-a tendo em conta "a dor de pensar". Fundamente-se na sua experiência de leitura. Redija um texto expositivo-argumentativo bem estruturado de 80 a 130 palavras.

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A dor de pensar é um dos temas que Pessoa mais trata na sua obra.

É em poemas como “Ela canta pobre ceifeira” que o poeta nos mostra que apenas pode pensar, sem nunca conseguir sentir. No caso da “ceifeira”, esta vive “alegre” dado que, para ele, a vida só é vivida quando não existe pensamento, quando é vivida na inconsciência, na ignorância. O poeta sente-se, assim, triste e invejoso de tal situação, dado que não consegue viver inconscientemente. No entanto, apesar de desejar ser inconsciente, Fernando Pessoa quer ter consciência de tal facto.

Em suma, aquele que vive na ignorância é mais feliz do que aquele que vive a vida pensando, preferindo o sujeito poético viver inconscientemente, sem pensar, para poder ser feliz durante toda a vida.

Alberto Caeiro - 24 de outubro de 2012

"Alberto Caeiro [...] surge como um homem de visão ingénua, instintiva, gostosamente entregue à infinita variedade das sensações."

Jacinto do Prado Coelho, Dicionário de Literatura

Exponha, num texto cuidado, de 80 a 130 palavras, a sua perspetiva de leitura a partir da análise do pensamento transcrito.

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Alberto Caeiro, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, é, por excelência, o poeta das sensações, um poeta sinestesista.

O “mestre” de Pessoa identifica-se com a Natureza e com todos os seus elementos. Caeiro deseja mesmo viver ao ritmo da Natureza, sem preocupações com o passado, o presente ou o futuro. O autor de “O Guardador de Rebanhos” mostra, tal como em “Poemas Inconjuntos”, que vive dos sentidos e das sensações que deles advêm. Recusando qualquer tipo de pensamento, Caeiro é visto como tendo uma “visão ingénua, instintiva”, como se de uma criança se tratasse. É um ser uno que vive sem qualquer dor.

Assim, o heterónimo que Pessoa criou como tendo o nível de educação mais baixo, é aquele que vive mais feliz, já que vive a vida sem pensar.

Ricardo Reis - 25 de novembro de 2012

Tema 1

"Vem sentar-te, Lídia, à beira do rio.

Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos

Que a vida passa..."

Partindo dos versos transcritos, explicite, num texto cuidado, de 80 a 130 palavras, o posicionamento de Ricardo Reis perante a vida e as suas vicissitudes. 

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Ricardo Reis mostra ser um dos heterónimos de Pessoa que apresenta um posicionamento face à vida mais complexo.

Para Reis, cada um de nós deve viver a vida isolando-se dos outros, procurando o que traz calma, felicidade e tranquilidade. Dado que a vida é breve e a única coisa certa é a morte, devemos aceitar a relatividade e a efemeridade da vida, aproveitando cada dia de forma calma e tranquila (carpe diem segundo aurea mediocritas). Seguindo os ideais epicurista e estoicista e vivendo um estado de ataraxia, Reis prefere viver “sossegadamente”, sem quaisquer preocupações, sem ceder aos instintos, aproveitando o presente antes que seja passado, já que “a vida passa”.

Em suma, Ricardo Reis defende o prazer do momento, do carpe diem, como algo fundamental ao curso normal da vida.

 

Tema 2

" Flores que colho, ou deixo, / Vosso destino é o mesmo"

Tal como Caeiro, o Mestre dos outros heterónimos, Ricardo Reis também repara na Natureza e nas flores, mas tem um entendimento racional do destino.

Partindo das palavras acima, construa um texto de oitenta a cento e trinta  palavras em que reflita sobre a necessidade do prazer do momento, perante o fatal destino.

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Tanto Caeiro como Reis são apologistas dos sentidos. Porém, apresentam conceções diferentes sobre a racionalidade e o pensamento.

Caeiro, por um lado, utiliza as sensações como forma de conhecimento. No entanto, recusa qualquer forma de pensamento, prefere sentir sem pensar, viver sem preocupações. Por outro lado, Reis aconselha a aceitação calma da ordem das coisas e faz o elogio à vida campestre (aurea mediocritas). Na visão de Reis, cada qual tem o seufatum traçado e nada o pode contrariar (“Vosso destino é o mesmo”). Para tal, deve-se aproveitar cada dia da melhor forma, vivendo tranquilamente e de forma calma, observando o curso da vida sem lhe intervir.

Em suma, apesar de apresentarem conceções diferentes face ao pensamento, ambos utilizam os sentidos para aproveitarem a vida da melhor forma.

Álvaro de Campos - 04 de dezembro de 2012

"E eu vou buscar o ópio que consola

Um Oriente ao oriente do Oriente"

                                                        Álvaro de Campos, "Opiário"

"À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica

Tenho febre e escrevo"                                                  

                   Álvaro de Campos, "Ode Triunfal"

"E, ah com que felicidade infecundo cansaço,

Um supremíssimo cansaço,                         

íssimo, íssimo, íssimo,                                

Cansaço..."                                                 

Álvaro de Campos, "O que há em mim é sobretudo cansaço"

Elabore uma nota de apresentação da obra de Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa), com um mínimo de 80 e um máximo de 120 palavras, que pudesse figurar na contracapa de uma antologia de poesia deste autor, tendo como base a informação fundamental dos excertos transcritos.

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Álvaro de Campos é o heterónimo de Fernando Pessoa mais complexo, com uma perceção face à vida bastante complicada.

Álvaro de Campos mostra que a sua poesia se encontra virada para as sensações, evitando o pensamento. Recorrendo ao elogio da indústria, das máquinas, da modernidade (visível em Ode Triunfal: “…lâmpadas elétricas da fábrica”), o poeta excita-se com a própria escrita.

Numa visão mais pessoal, Campos mostra uma vida complicada, uma vida de angústia, absurda, onde predomina o tédio, a náusea, o cansaço e até mesmo o delírio (“Tenho febre e escrevo”; “…supremíssimo cansaço”).

Com uma linguagem complexa e uma escrita dinâmica (“Um Oriente ao oriente do Oriente”; “íssimo, íssimo, íssimo”), Álvaro de Campos mostra ser o poeta do modernismo.

Os Lusíadas - 22 de janeiro de 2013

“Os Lusíadas suscitam reações contraditórias. São, por um lado, uma obra laboriosa e árdua de ler – e, por outro, um deleite, para dizer como Tétis ao Gama.”

Fernando Gil e Helder Macedo, Viagens do Olhar

Partindo do juízo expresso na afirmação acima transcrita, descreva, num texto de 70 a 130 palavras, a sua reação de leitor relativamente a Os Lusíadas.

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A obra de Camões é considerada uma epopeia bastante complexa, já que o poeta foi capaz de conjugar o espírito aventureiro com uma escrita também ela complexa.

Por um lado, o leitor fica espantado com o espírito aventureiro dos portugueses, capazes de sobreviver a uma viagem com tantos percalços. Para além disso, o plano da História de Portugal (batalhas de Ourique e Aljubarrota ou o amor trágico de Pedro e Inês) e o plano da mitologia ajudam para criar uma obra tão bem imaginada.

Contudo, a linguagem tão complexa (regularidades estrófica, métrica e rimática ou a utilização de figuras de estilo) leva o leitor a ter uma sensação agridoce durante a leitura.

Apesar de tudo, Os Lusíadas continuam, ainda hoje, a ser a obra que mais glorifica o povo português.

Mensagem - 05 de março de 2013

Comenta a afirmação:

O sebastianismo é abordado por Fernando Pessoa como mito que exprime o drama de um país moribundo "à beira mágoa", a necessitar de acreditar de novo nas suas capacidades e nos valores que antigamente lhe permitiram a conquista dos mares e a sua afirmação no mundo.

Produz um discurso com um mínimo de 80 e um máximo de 100 palavras.

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O mito sebastianista é utilizado por Fernando Pessoa em Mensagem como uma nova esperança para os portugueses.

D. Sebastião, ao desaparecer na batalha de Alcácer Quibir, torna-se um símbolo para este povo de marinheiros. Fernando Pessoa atribui-lhe uma importância ainda maior, já que este será o “responsável” pelo surgimento do Quinto Império, o Império do bem e da espiritualidade. O seu “regresso” enquanto “substância” fará com que Portugal volte a ser como era na época dos Descobrimentos.

Assim, este povo voltará a acreditar nas suas “capacidades” e nos seus “valores”, atingindo a fama e a glória de outros tempos.

Os Lusíadas e Mensagem - 05 de março de 2013

Mensagem, enquanto poema épico-lírico, rivaliza com o canto épico da Literatura Portuguesa - Os Lusíadas, de Luís de Camões.

Com base nas palavras transcritas, redija, para cada um dos seguintes tópicos, um parágrafo, com um mínimo de 80 palavras e um máximo de 100, que pudesse ser inserido na internet sobre o papel de Portugal na civilização:

  • A epopeia marítima;
  • O Quinto Império.

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TEMA A: A EPOPEIA MARÍTIMA

Tanto Camões como Pessoa atribuíram uma grande importância aos Descobrimentos portugueses nas suas obras. A obra Os Lusíadas é toda ela relacionada com este período áureo da História de Portugal. Nesta obra, é feita uma celebração do passado glorioso, um passado em que o Ocidente se encontrou com o Oriente, um passado de memória e de esperança, em que Portugal encabeçava a Europa. Camões atribui, assim, uma visão profética dos feitos de Portugal, relatando os acontecimentos através de uma história. Pessoa, por sua vez, na sua Mensagem, dá especial ênfase a este período na segunda parte da sua obra.

 

TEMA B: O QUINTO IMPÉRIO

O Quinto Império, apesar de ser referido em Os Lusíadas, terá uma maior importância em Mensagem, um poema que junta a grandiosidade com a emoção e a subjetividade. Este conjunto de poemas valoriza Portugal na civilização ocidental, seja no passado, durante a época dos Descobrimentos, seja no futuro, através do surgir de um novo Império, um Império onde predomina o bem e a espiritualidade. Através de uma visão messiânica de Portugal, da capacidade de sonhar e de acreditar, da esperança e até de algum misticismo, um novo Império surgirá, o Quinto Império, e será Portugal a comandar este novo Mundo. 

Felizmente Há Luar! - 14 de maio de 2013

Na peça Felizmente Há Luar! assumem particular relevância o tema da opressão e o efeito cénico da luz. Fazendo apelo à tua experiência de leitura, apresenta, de entre os dois aspetos referidos, aquele que para ti se revelou mais significativo nesta obra de Luís de Sttau Monteiro. Desenvolve a tua opinião num texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de oitenta a cento e trinta palavras.

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A peça Felizmente Há Luar! é uma peça onde o tema da opressão tem especial destaque, já que esta foi escrita durante o período do Estado Novo e ela própria retrata esse tempo.

Recorrendo à metáfora, retratando o século XIX e o período da pré-Revolução Liberal (1820), Sttau Monteiro critica a opressão através da personagem de Gomes Freire de Andrade, um libertador do povo, com uma mentalidade avançada para o seu tempo (tal como Humberto Delgado) e que punha em causa a governação de Miguel Forjaz, Beresford e Principal Sousa (metaforizando Oliveira Salazar).

Sttau Monteiro utiliza, assim, o século XIX para tratar o tema da opressão de forma mais ampla, levando o público a pensar naquilo que viu para que, mais tarde, este possa intervir na sociedade – teatro de intervenção. 

Memorial do Convento - 14 de maio de 2013

Dos espaços físicos representados na obra Memorial do Convento refere um que consideres significativo, explicando  a sua importância na narrativa. Desenvolve a tua opinião num texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de 80 a 130 palavras.

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Dos espaços em que a ação de Memorial do Convento se desenrola, aquele que, para mim, teve um papel mais importante na narrativa foi o local da construção do Convento, a Vela.

Este local é de extrema importância porque toda a ação se desenvolve em torno da construção do Convento de Mafra. Para além disso, é neste local que se confrontam duas realidades distintas: o rei D. João V, já que foi por ordem deste, fruto do nascimento da sua primeira filha, que o Convento surgiu; e o povo, responsável pela construção do Convento, para além de que, sem eles, não haveria Convento e, possivelmente, poderia nunca ter surgido na imaginação de Saramago a escrita de um livro de tão grande importância na sua vida.